Prelúdio:
Paris – 1984
-Saiam da frente. Urgência! –o homem gritava pedindo passagem. –Preparem a sala de parto imediatamente.
A mulher fazia esforço para manter os olhos abertos. Luzes e vozes a cercavam e ela tentava manter a consciência.
Ah, como ela queria ter Jean ao seu lado naquele momento. Não acreditava que teria aquele filho sozinha, e tinha medo que não pudesse dar conta da situação.
Ela perdia-se em seus pensamentos quando notara que seus sentidos iam esvaindo-se e perdera a consciência.
Acordara algumas horas depois ao som de uma voz suave que dizia:
-Vamos lá, mamãe. Acorde para ver sua criança. –a enfermeira sorria ao ver a mulher abrir os olhos.
Miranda pôde ver a criança nos braços da mulher. Instintivamente erguera os braços para pegar a mesma, e a enfermeira lhe entregou a criança.
A mulher abraçou a menina com carinho e a olhou fixamente. Pôde ver os olhos da criança abrirem-se vagarosamente. Olhos cor de mel.
-Blair... Minha querida Blair.
Foi assim que Blair viera ao mundo.
Paris - 2000
-Cinco minutos. –gritava a mulher passando entre as cortinas.
Blair balançava freneticamente as mãos. Estava nervosa. Mesmo fazendo aquilo há quatro anos, estava nervosa.
Ela parou por um instante e sorriu.
-Vai Blair! –a voz gritara.
As cortinas abriram-se e a música ecoou suave pelo teatro. Blair entrara vagarosamente no mesmo. Seus passos eram suaves e sequer parecia que ela tocava o chão.
Começou a dançar e as pessoas da platéia puderam presenciar a bela apresentação que a doce bailarina preparara para eles aquela noite.
Assim era a vida de Blair... Como uma doce melodia.
New York – 2002
-Parabéns! –fora a palavra que Blair mais ouvira naquela noite.
Sorria simpaticamente, mas muitas vezes se perguntava se eram felicitações pelo seu aniversário, ou se era pelo fato dela ter conseguido ingressar na famosa School of American Ballet (S.A.B.).
Era noite no dia de aniversário de Blair, e ela finalmente conseguira realizar seu sonho.
Ficara ainda mais feliz em ter sua mãe por perto. Morava em Paris, mas dificilmente via a mãe, já que a mesma estava sempre viajando a trabalho e quando aparecia só ficavam juntas durante a noite.
Blair nunca conhecera o pai, que morrera antes da mesma nascer, mas ela tinha conhecimento sobre o amor que ambos sentiam um pelo outro, e o quanto eles foram felizes juntos.
Filha de pai francês e mãe alemã, Blair desde sempre fora acostumada com regras. Aprendeu a dar valor e gostar das mesmas. Sempre tivera um ótimo senso de responsabilidade, e um forte senso de liderança.
Naquela noite, sua mãe estava ao seu lado e nada poderia fazer-lhe mais feliz.
As duas festejaram junto com todas as amigas de Blair e algumas horas depois ela se separou das amigas e seguiu para o hotel com sua mãe.
Ao chegar ao hotel, sua mãe lhe disse ter um presente e entregou em suas mãos uma chave.
Por fim Blair descobriu que seu novo endereço era na cobertura do Hotel Empire, localizado na New York, 44 West 63rd Street.
Estava muito feliz, pois teria que mudar para aquela cidade devido ao fato de ter sido aceita na Academia que queria.
Juntas subiram até o novo ‘apartamento’ da garota. O gosto da chamada maioridade.
O local tinha uma decoração de gosto impecável. O quarto que lhe fora escolhido tinha uma mobília de bom gosto e quadros de pintores renomados. Uma vasta biblioteca em outro cômodo, além das outras partes que
costumam se ter em apartamentos.
Blair e sua mãe conversaram durante algum tempo, quando repentinamente sua mãe a mandara dormir. Apesar de inicialmente não entender o motivo daquela ordem, Blair sentiu o corpo pesar e acabou por fechar os olhos.
Acordou sentindo um gosto diferente atravessando-lhe a garganta.
Abriu os olhos e viu aquele líquido vermelho caindo sobre seus lábios. Inicialmente sobressaltou-se tentando entender o que estava acontecendo, não conseguia compreender a vontade que percorria-lhe pelo corpo
de continuar a tomar mais e mais daquilo que lhe era oferecido.
Olhou agora mais calma e pôde ver sua mãe passar a língua sobre o corte que tinha no pulso e a ferida fechar-se como por encanto.
Estava confusa demais. Vagarosamente sua mãe aproximou-se dela e explicou-lhe o que ela havia se tornado. Uma vampira! Aquilo era surreal.
Depois de algumas horas ela conseguira armazenar e entender tudo o que sua mãe lhe dissera. Era inacreditável, porém verdadeiro.
Ela aprendeu tudo sobre seu clã, tudo sobre tudo o que precisava saber.
Começou a freqüentar os círculos sociais, onde conheceu pessoas importantes e influentes.
Dois anos após sua mãe transformar-lhe, ela morrera. Blair agora estava sozinha no mundo, mas sabia que sua mãe fora importante entre seus iguais, sabia como tratar as pessoas e ser tratada.
Era a favor total da mascaram, era centrada nas regras de sua nova ‘casa’, Camarilla.
Continuou a morar em New York, no mesmo lugar que lhe fora dado de presente. Continuou com suas apresentações de Balé e hoje em dia é uma grande freqüentadora do Elísio da cidade.
Blair acostumara-se com sua nova ‘vida’ e vive a mesma da forma mais tranqüila possível.
New York {Dias atuais}
Blair segue seu cotidiano normalmente. Agora já sabe mais sobre como funcionam as coisas dentro da Camarilla e é totalmente a favor das regras existentes na mesma.